
The White Walls - Tower 25
por Daniel Rosa
Premiado como melhor edifício europeu em altura no ano de 2016 (CTBUH Award), o projeto do escritório de arquitetos Jean Nouvel molda, a partir do entendimento de ferramentas bioclimáticas passivas, elemento arquitetônico de grande relevância estética.
Desde o lançamento estrutural, o projeto reflete profunda harmonia às paisagens física e cultural, garantindo-lhe a integração necessária para se lançar em altura, alterando definitivamente o horizonte edificado de Nicosia e projetando o futuro arquitetônico e cultural da região, sem, contudo, lhes ofender o passado.
Ficha técnica
Endereço: Torre 25, Stasinou, Nicosia, Chipre
Comissionamento: 2003
Inauguração: 2013
Pavimentos: 16
Altura: 66m
Área total/área útil: 10.000m²/6.739m²
Programa: Uso misto
comercial - 2 pavimentos
empresarial - 4 pavimentos
residencial - 10 pavimentos
Arquitetura: Escritório/Equipe Jean Nouvel
concepção: Philippe Papy
estudos e construção: Elisabeth KATHER
Custo de construção: 22 milhões de euros
Reconfiguração da paisagem


A independência, conformação nacional e integração ao bloco europeu tem, por óbvio, reflexos na cultura local e, ainda que sob alguma contestação turca, o Chipre e sua capital passam a novo patamar de representação nacional.
A construção do edifício White Towers marca, para a cidade de Nicósia, e para ilha cipriota como um todo, momento de renovação da paisagem local, como maneira de atender, em forma arquitetônica, as transformações recentes do país e de sua capital.

perspectiva demonstrativa da preponderância paisagistica do edifício.
Imagem autoral a partir de bancos públicos de dados georreferenciados.
Implantação e fluxos
Situado no centro histórico e político da cidade de Nicósia, capital do Chipre, o edifício possui se situa de frente à praça que abriga o corpo governamental local (prefeitura/governo nacional), tem acesso frontal direto à uma das avenidas mais importantes da cidade e à poucos passos de um dos principais parques urbanos da cidade.
Mapa do centro de Nicósia
Imagem autoral a partir de bancos públicos de dados georreferenciados.

Forma e Estrutura


Imagem A
Imagem B
Detalhes ilustrativos das fachadas laterais "estruturantes" (Imagem A), e do centro permeável que compõe as fachadas frontal e posterior.

Imagem C
O edifício se estrutura a partir das duas "torres brancas" pelas quais é conhecido. Em verdade, são dois elementos longilíneos erigidos em concreto armado nas fachadas norte-sul (noroeste-sudeste, em verdade), unidos, em todos os pisos, por laje apoiada apenas nessas "torres laterais", estabelecendo-se, como volume único sustentado em suas "fachadas laterais" (noroeste-sudeste) com ampla permeabilidade à insolação e ventos em suas fachadas frontal e posterior, conferindo marcante amplitude, leveza e conforto à tal espaço central vazado disponível em todos os andares.
Imagem C: Planta de térreo, representativa da predominância estrutural das "torres laterais".
Layout e programa de necessidades
A solução estrutural não se mostra desassistida das demandas primárias de projeto (programa de necessidades) ou mesmo das soluções lógicas e de conforto verificáveis no edifício.
Nesse passo, denota-se que a tipologia clássica de edificação em altura (pavimentos tipo) não representa, no caso, qualquer entrave ao programa de necessidades complexo, capaz de acomodar funções comerciais, empresariais e residenciais.
As plantas baixas ao lado demonstram tal variabilidade funcional devidamente adequada à configuração tipológica clássica dos edifícios em altura.
Nota-se, apesar da diversidade de funções, a possibilidade de acomodação dos programas diante de clara diferenciação entre espaços mais concisos e reservados nas "torres estruturantes", em contraposição aos espaços mais amplos nas "lajes centrais".

Planta baixa - piso residencial - 7º a 17º pavimentos

Planta baixa - piso comercial - térreo e mezanino

Planta baixa - pisos empresariais - 3º à 6º pavimentos
Fluxos internos


A circulação vertical se dá por meio de elevadores panorâmicos. Ainda que integrados às torres laterais marcam as fachadas laterais com a linearidade de seu percurso e contrastam com as aberturas de assinatura estilística e funções de conforto ambiental.
Os fluxos internos, por sua vez, para as diversas funções, seguem a já mencionada lógica de espaços abertos e concisos.
Detalhe dos elevadores laterais panorâmicos

Planta residencial típica com indicação das caixas de elevadores.
Bioclimatismo
Estão expressas na forma, na envoltória, as diversas estratégias de projeto voltadas ao atendimento da grande demanda por conforto bioclimático decorrentes da geografia cipriota.
A já mencionada permeabilidade dos pisos, garantida, em maior parte pelo grande vão central, é auxiliada pela grande quantidade de aberturas nas fachadas perpendiculares (pixeladas) permitindo a ventilação cruzada em duas direções. A natureza das aberturas menores nas fachadas laterais, de relevante espessura, permitem tal circulação de ar sem eventuais prejuízos da grande exposição solar dessas fachadas.
Ainda, a generosa destinação de espaços para vegetação cria a semelhança à edificações de fachada dupla, permeada por vasta vegetação, qualificando fortemente as estratégias de conforto térmico, por fim, integrando e contrastando elementos naturais à forma bastante geometrizada.



