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Edifício Andante
por Beatriz Versiani
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© Alexandre Suplicy

CONTEXTO

A pandemia da Covid-19 finalmente acabou depois de dois anos, mas os habitantes de São Paulo vivem em constante medo de que o sistema de saúde volte a entrar em colapso. Especialistas afirmam que a qualquer momento outra doença pode chegar e forçar os governantes a decretarem "lockdown" por tempo indeterminado. Neste contexto, grandes, médias e pequenas empresas se adaptam ao "home office", não sendo mais necessário possuir um local físico.

O mercado imobiliário precisa se reinventar. Edifícios comerciais são demolidos, os apartamentos compactos já não são boas apostas, e a compra de "motorhomes" fica cada vez maior: o sistema de trabalho à distância abriu para a sociedade uma nova forma de morar, morar em qualquer lugar.

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IMPLANTAÇÃO

© Google Maps

O terreno onde o projeto está inserido é a antiga locação do Edifício Wilton Paes de Almeida, construído na década de 60 para uso comercial. Foi tomado pela União em razão de dívidas, e ocupado e desocupado ao longo dos anos. Depois de ser totalmente desocupado, tornou-se ocupação de pessoas em situação de vulnerabilidade social e foi colocado à venda pelo Governo Federal em 2015. Várias famílias moravam na edificação há anos quando em 2018 ocorreu um incêndio que levou o Wilton Paes ao colapso.

 

Em 2021, o terreno encontrava-se vazio, apenas com entulhos, e o prédio que se encontrava adjacente ao Wilton Paes de Almeida contava com um grafite em toda a sua fachada, o qual, para a autora deste texto, é de certa forma um alívio para o cenário triste - a arte como remédio para uma cidade doente.

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© Warner Bros

© Warner Bros

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REFERÊNCIA

Desde o começo do projeto do devaneio, pensou-se em um prédio de habitação móvel, que tivesse logradouro fixo - o terreno do antigo edifício Wilton Paes de Almeida - mas que as unidades habitacionais da edificação também pudessem se deslocar ao longo do dia, ou até mesmo "estacionar" em outro lugar, levando em conta o contexto anteriormente citado o qual "motorhomes" estão cada vez mais populares.

A referência base deste devaneio não é um prédio, e sim um ônibus, da obra fictícia da autora J.K. Rowling, a saga Harry Potter. O Nôitibus Andante é um ônibus de grande proporção, em largura e altura, que aparece sempre que uma bruxa ou um bruxo em necessidade urgente de transporte estica o braço com a varinha para fora do meio-fio. Ele se adapta conforme a rua e seu espaço interno permite que os bruxos até se deitem em camas - mas duvida-se que alguém consiga, levando em conta o quanto o automóvel balança.

MOBILIDADE

O principal conceito deste devaneio é a mobilidade, tendo como principal referência o Nôitibus. O Edifício Andante é composto por seis tipos diferentes de ônibus - as unidades habitacionais - que podem sair do lote quando quiserem. Sua casa pode te levar para qualquer lugar, caso queira relaxar por um tempo na natureza, ou em outra cidade, ou ficar perto da praia, e escapar da Grande São Paulo. 

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MODULARIDADE

Um outro conceito alcançado é a modularidade, pois as seis variações de unidades habitacionais são os módulos do edifício, organizados regularmente: os ônibus de menor comprimento compõem as fachadas laterais e parte das fachadas frontal e superior, que também contam com um ônibus de maior comprimento.

 

Para suprir a necessidade de diferentes tipos e tamanhos de famílias, foram criados 3 variações de grandes ônibus de 20m (de um, dois e três andares), e 3 variações de ônibus de 10m (também de um, dois e três andares). No meio do edifício teria um grande elevador panorâmico, do tamanho do ônibus de 20m, para empilhar e organizar os ônibus para que se tornem uma edificação só.

INTEGRAÇÃO COM O ENTORNO

O principal conceito para a forma do Edifício Andante é a integração. Para respeitar o entorno, três medidas foram tomadas:

- Para que não fosse desconfortável para os pedestres da área, optou-se por não "super-verticalizar" o prédio;

-Para preservar a visão da praça com a igreja, foram feitos "rasgos" nas fachadas Sul e Leste, virados para o Largo do Paissandú;

- Para preservar a visão de arte urbana (que existia na fachada cega do prédio vizinho), a fachada Oeste, cega (virada para o Noroeste na rosa dos ventos e consequentemente desconfortável para inserir grandes esquadrias), conta com um grafite em sua totalidade, também promovendo o trabalho de artistas locais.

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ATRATIVIDADE

Cada tipo de unidade habitacional tem uma cor, em tons de azul e verde, ou seja, 6 cores diferentes. Essa ideia veio do uso das fachadas ventiladas coloridas do Edifício Forma Itaim, analisado neste mesmo site. As cores agregam valor na estética da edificação: o conceito de atratividade neste devaneio foi trabalhado para que o edifício se destacasse bem, porém ainda se conectando com a cidade (esta última característica tendo sido desenvolvida pelo conceito de Integração anteriormente citado), assim como o Forma Itaim. 

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